Tratamento Adulto

TRATAMENTO ORTOPÉDICO DINÂMICO E FUNCIONAL, EM PACIENTES ADULTOS, EM PREPARAÇÃO PARA A REABILITAÇÃO ORAL, INTEGRAÇÃO PERIO-ORTO-PRÓTESE.

Acompanhando os avanços das técnicas de reconstrução oclusal e a evolução do pensamento da moderna odontologia a respeito de oclusão, temos em nosso arsenal terapêutico, alguns recursos disponíveis, juntamente com a periodontia, para melhorar a qualidade da reabilitação oral com a finalidade de oferecer estabilidade ao trabalho complexo executado pelos profissionais da área.
          
Portanto é de suma importância o intercâmbio de informações entre as três áreas que atuarão juntas para oferecer ao paciente, normalmente já de uma certa idade, o que de mais moderno e atual a odontologia tem para oferecer.
           
Através do acrílico encapsulado aos dentes, podemos conseguir alto desempenho e muitas vezes, pelo efeito “placa” que o encapsulamento proporciona, até redução na sintomatologia da D.T.M.
           
Um dos aspectos que deveremos abordar neste novo milênio é o fato da humanidade estar envelhecendo significativamente e a longevidade também é um problema que a área de saúde vai ter de resolver. Infelizmente nossos hormônios não foram projetados para durar 70, 80 anos, que é para onde caminhamos, graças aos avanços da medicina, do saneamento básico, da alimentação consciente, etc...
           
De nossa parte, o que poderemos oferecer a uma demanda reprimida, cada vez mais crescente e que também necessitada de soluções, principalmente interdisciplinares?
           
Temos de mudar o paradigma da odontologia do século XX, que foi extremamente "restauradora" achando, muitas vezes que nossos procedimentos eram corretos, destruindo a substância mais nobre que é o esmalte dentário e substituindo-o por materiais artificiais, em nome de um século de ciência e muitas vezes considerando como verdades absolutas, procedimentos que na verdade eram um "arremedo" do verdadeiro trabalho da mãe natureza, com efeitos catastróficos para o periodonto.
           
Então o que nós dentistas oferecemos em um século de odontologia científica?   A resposta é:

  1. DOR, pois os procedimentos odontológicos com suas famosas extensões preventivas envolviam quase sempre dor;

  2. MEDO, acho que ninguém gosta de sentir dor e por isto tem medo de ir ao dentista;

  3. DESCONFORTO, por mais colorida e bonita, nossa cadeira odontológica “fica” desconfortável pelo simples pensamento dos procedimentos que lá ocorrerão;

  4. DISFUNÇÃO, como nós sempre fomos instruídos de que podemos refazer um dente, melhor do que a sábia natureza havia feito, consideramos que éramos melhores que Deus. Grave engano, pois hoje com a nova mentalidade na odontologia concluímos que os procedimentos invasivos a nobre substancia, devem ser feitos com o mínimo de estrago e respeitando o que a sábia natureza, que nos deu;

  5. E o pior de tudo: DESCONFIANÇA será que existe mesmo esta cárie ou o dentista está inventando para faturar mais um trocado.

E tem mais, a odontologia ideal, não é a do laser, nem da porcelana de última geração, mas sim a odontologia da CÁRIE ZERO e DOENÇA PERIODONTAL ZERO, ou seja, buscar na prevenção o novo paradigma da odontologia do século XXI. Claro que não podemos desprezar o passado, mas sim aprender com os erros cometidos por nossa classe, achando-se muitas vezes superiores ao que a natureza levou milhões de anos para sabiamente concluir. Procuremos então, oferecer aos nossos pacientes, a possibilidade de poder utilizar o sistema estomatognático de forma integral até o final de seus dias.
           
Portanto veremos algumas das principais limitações que a idade nos impõe e às quais deveremos respeitar para não oferecermos hiatrogenias aos nossos pacientes
           
Muitas vezes tratando de um paciente jovem, ocorre que algum de seus pais ou parentes procurarem também tratamento ortodôntico por vários motivos, entre eles estéticos (dentes que começaram a mudar de posição com o passar do tempo) e disfunção, normalmente acompanhada de desconforto e dor orofacial. O que nos dá um certo respaldo é o fato de este paciente já saber o tipo de aparelho que utilizaremos e de normalmente haver já uma indicação do dentista clínico/periodontista que o acompanha ou do protesista no qual este está em tratamento, o que vem a simplificar  nossas ações, sendo importante manter um relatório científico com o profissional que lhe indicou. Portanto, o requisito básico tanto tratando o paciente por motivo estético ou funcional, é que tenhamos um bom diálogo com as outras áreas, que o acompanham e requisitarmos exames complementares com laudo, caso já solicitados pelos colegas para que não sejamos surpreendidos por problemas periodontais ou de natureza oclusal levando ao insucesso.
           
É necessária boa compreensão da fisiologia e das conseqüências de nossos movimentos sobre a oclusão muitas vezes acomodada de nosso paciente. Temos que ter em mente que a má-oclusão demorou décadas para se instalar e consequentemente muito tempo para criar acomodações e transformações de forma e função, pois o paciente precisa continuar convivendo, mesmo com seus problemas oclusais.

O retorno à normalidade e ao equilíbrio é lento e muitas vezes doloroso. Toda transformação de função/forma requer adaptações orgânicas e muito esforço da parte do paciente, para que haja realmente ganho biológico na contabilidade final. Costumo colocar ao paciente que eu entro com a ciência e ele entra com a paciência.
           
Portanto a qualidade hormonal e de elementos químicos no organismo vão nos dar maior chance de reequilibrar as funções do sistema estomatognático. Neste sentido, temos como recomendação observar as informações médicas à respeito dos níveis hormonais e também recomendamos a ingestão de 1 gr de vit. C diária, em complementação a uma boa alimentação com frutas e legumes.
           
Acreditamos que com esta suplementação, os níveis de resposta orgânica podem compensar o fator idade que é a principal dúvida quando tratamos pacientes com mais de 40 anos. Muitas vezes nos surpreendemos com o resultado final.
           
Devemos deter especial atenção às pacientes do sexo feminino, que estão muito mais sujeitas às intempéries hormonais que os homens e como os hormônios são os coordenadores das reações orgânicas, quando estes estão em desequilíbrio, teremos sérias dificuldades para conseguir êxito no tratamento.

Muito importante também é aconselhar à paciente que verifique sua qualidade óssea, através de um exame específico de densitometria óssea, que informará, juntamente com os níveis hormonais a possibilidade de a paciente ser portadora de osteoporose, que infelizmente não atinge apenas a cabeça do fêmur, vértebras, etc, mas também as densidades ósseas da maxila e mandíbula, sendo de suma importância para o planejamento protético, principalmente quando envolve implantes. Sem dúvida a resposta quanto ao tratamento periodontal que será nossa base para o tratamento, será diferente se a paciente ingerir cálcio de diversas maneiras, seja em comprimidos, seja em derivados do leite e da soja. Outra recomendação importantíssima é quanto ao tabagismo que deve ser evitado ao máximo.

As pacientes que engravidam durante o tratamento também encontrarão algumas dificuldades nos primeiros meses da gravidez, devido às náuseas e desconfortos decorrentes deste estágio inicial e algumas pacientes não conseguem superar estes obstáculos, e suspendem o tratamento, mas vale a pena tentar, pois na maioria dos casos durante a gravidez a resposta óssea é mais rápida, pois há hormônios de crescimento em circulação e a estrutura óssea fica menos calcificada. A gravidez por si só não é um fator de impedimento do tratamento, mas sim uma etapa que pode ser utilizada com vantagens para nossa terapêutica, somente deverá observar restrições quanto a exames radiográficos.         

Entretanto não é aconselhável iniciar um tratamento ortodôntico do meio da gravidez para frente, pois teremos que interromper o mesmo quando o bebê nascer, sendo prudente iniciar após seis meses do nascimento.

É importante informar ao paciente adulto, que a resposta óssea é mais lenta que nos pacientes jovens, pois o fator crescimento ósseo não pode ser contabilizado, quanto às limitações de movimento, também encontraremos este fator na finalização. O fator social e trabalho restringirão as horas de uso do mesmo.

Não podemos nos abster de informar ao paciente o máximo de detalhes sobre o tratamento e a necessidade da intervenção de outros profissionais (e isto quase sempre é necessário) tais como periodontista, reabilitador oral, fonoaudiólogos, cinesioterapia, mudança de hábitos alimentares, mudança de postura, e várias outras informações necessárias para manter a longevidade do nosso trabalho, bem como a do próprio paciente. Tudo o que informarmos antes do tratamento deverá ser por escrito em duas vias, sendo uma arquivada em nosso prontuário, pois o que deixar de ser informado ou esclarecido antes poderá ser desconfortavelmente tratado como “desculpa”.

Quando o paciente adulto não vem indicado por um reabilitador oral, deveremos esclarecê-lo, da possível necessidade de um tratamento deste tipo e indicar uma consulta inicial com um colega reabilitador oral de nossa confiança. Com relação à situação periodontal, caso o paciente não esteja em tratamento, e seja portador de problemas periodontais, tártaro ou bolsas periodontais, também deveremos indicá-lo a um colega de nossa confiança. É importante sermos cautelosos ao instalarmos nossos aparelhos, devendo fazê-lo somente quando o periodontista aconselhar.

Algumas situações ocorrerão quando o paciente estiver já na fase intermediária entre a ortodontia e a reabilitação oral, na qual trabalharemos a quatro mãos, sendo muitas vezes assistido também pela periodontia. Outro item importantíssimo nesta etapa será quanto aos provisórios, pois quando vamos encapsular ou reembasar o aparelho, este pode reagir com a resina do aparelho, vindo a ser deslocado e até mesmo removido, o que geralmente causa um certo transtorno, porém evitável, se nós isolarmos o provisório com papel celofane, no momento do reembasamento, pois isto impedirá a reação da resina com o provisório. Isto é feito, colocando-se um pedaço previamente separado, do tamanho do dente ou dos dentes provisórios, inserindo-o entre a resina ainda plástica colocada no aparelho e o dente de resina provisório.

Outro item a ser considerado é o desconforto oclusal também poderá ocorrer durante nossa movimentação, o que pode ser contornado aconselhando ao paciente uma alimentação mais branda e mais leve. É a fase do “miojo”, aquele macarrão macio que quase não precisamos mastigar. Ajustes oclusais seletivos quase sempre serão necessários, sendo o paciente portador de restaurações metálicas ou mesmo provisórios de resina que depois serão trocados. Entretanto o ajuste oclusal em esmalte deverá ser deixado para a última etapa do tratamento, salvo interferências grosseiras de ponte de esmalte excessivas, cúspides anômalas onde deveriam existir sulcos, mas sempre com a responsabilidade científica de estar desgastando uma substância nobre que nunca mais será recuperada pela natureza.

Finalmente, aos nossos pacientes da terceira idade, ou pré-idosos, quando há indicação de movimentação ortodôntica, deveremos levar tudo isto em consideração e caso não seja favorável o caso, explicar os motivos, as contra-indicações e desvantagens de movimentar dentes naquele paciente, tentando indicar outros profissionais que encontrarão solução mais adequada.

Mas, quando os fatores são positivos e favoráveis ao tratamento, deveremos incentivar o paciente a resolver o problema, na seqüência lógica de planejamento que é: Periodontia, Ortodontia e Reabilitação Oral.

Lembre-se que o melhor aliado do equilíbrio fisiológico e nosso melhor parceiro é os pacientes bem informados, conscientes de sua responsabilidade com higiene, boa alimentação, visitas semestrais ao periodontista, também ao reabilitador oral. Quando necessário dormir com placas de proteção contra bruxismo ou apertamento para evitar sobrecarga a áreas debilitadas e reabilitadas. De forma geral estes se acostumam de tal forma que a placa faz parte de sua vida, assim como outros hábitos necessários ao dia-dia, que fica até difícil se acostumar novamente a dormir sem.

Enfim, nossas ações podem influenciar positivamente a saúde do sistema estomatognático de tal forma que o nível de relacionamento e confiança entre nós profissionais e nossos pacientes atinge níveis ideais. Hoje com o grau de informações disponíveis na mídia e na Internet favorecem a população em geral discutir com responsabilidade os procedimentos e a própria manutenção da integridade bucal.

É imprescindível que tenhamos argumentos científicos e com propriedade, para também conscientizarmos nossos pacientes da necessidade de mudanças, principalmente hábitos nocivos, parafunções do sistema e também ensinar ao paciente como mastigar corretamente os alimentos, pois isto também ajudará a manter o equilíbrio do sistema. Desta forma, lançando mão de acessórios como o Hiperbolóide, desenvolvido com intuito de reorganizar a função mastigatória, com forma, textura e densidade apropriada para excitar o Sistema Nervoso Central, que após a desprogramação gerada pelo encapsulamento oclusal, proporcionaremos um novo engrama de informações às quais o SNC responderá gerando mudança de postura e reprogramando a funcionalidade.

Temos como premissa esta reprogramação e o momento mais oportuno para introduzirmos a nova informação é quando houver algum apoio oclusal, principalmente na instalação dos provisórios, aplicando o hiperbolóide tamanho médio por 15 minutos diários, preferencialmente após o jantar. Instruímos ao paciente a iniciar a mastigação pelo lado onde há mais dificuldade ou o lado onde não houve estímulo adequado. Com isto, também fortaleceremos a musculatura solicitada para o bom desempenho mastigatório incluindo lateralidade e protrusiva, bem como a estrutura óssea alveolar que terá seu remodelamento adequando a forma à função solicitada, por meio do estímulo do Hiperbolóide.

Sabemos que o primeiro ato da mastigação é o corte do alimento, entretanto muitos indivíduos não exercem esta função mastigatória, talvez por medo de fraturar os incisivos, alijando-os de estímulos para os quais foram projetados a responder. O melhor gerador de estímulo para esta primeira fase da mastigação são os alimentos que precisam ser cortados, como maçã, cenoura, barras de cereal, rapadura, etc., estes devem ser cortados com os incisivos. Quando isto ocorre, o SNC recebe informações importantes sobre textura, tamanho e dureza do alimento que foi cortado, preparando a segunda fase da mastigação que é a trituração, com aplicação de força correta pela musculatura mastigatória, principalmente masseteres, pterigóideos internos, temporal anterior e médio. Uma vez triturado o alimento, passamos para a terceira fase que é a pulverização, onde ocorrerão os movimentos mandibulares intrabordejandes e mais refinados, sendo necessária a participação dos pterigóideos laterais, que deverão trabalhar alternadamente proporcionando estímulos na maxila e na mandíbula de qualidade e quantidade equivalentes.

Mas devemos reconhecer que não é tão simples assim, encontrar a maneira ideal de mastigar os alimentos, pois na maioria dos casos o paciente nunca mastigou corretamente, ou era portador de tanta parafunção que o Sistema estomatognático estava se autodestruindo. Persistência e disciplina são fundamentais para que nossas informações sejam aplicadas de maneira eficiente, produzindo como resultado, estabilidade oclusal, ausência ou controle das DTMS, melhor digestão e aproveitamento alimentar, pois a digestão inicia-se na mastigação adequada, proporcionando não apenas a quebra mecânica dos alimentos, como também a quebra química proporcionada pelas enzimas contidas na saliva, em especial a amilase, quebrando as grandes moléculas de amido, resultando C6 H12 O6 (glicose) que fundamentalmente é o combustível de nossas células, chegando com mais eficiência aos níveis mitocondriais onde ocorrerá a fosforilação oxidativa (em contato com o O2), gerando ATP que será utilizada como energia de rápida mobilização, dando mais disposição e jovialidade ao paciente, bem como melhorando a resposta imunológica.Como esteticamente também haverá mudanças para melhor, é certo também que haverá uma melhora na auto-estima.

Sendo assim, cada tipo de alimento terá sua quebra molecular e adequada absorção em nosso sistema digestivo, chegando finalmente em maior quantidade e qualidade as nossas células. Não há um padrão mastigatório que sirva para todos, porém é possível estabelecer regras que ajudam a atingir resultados satisfatórios individualmente, pois cada organismo sabe exatamente quais são suas necessidades fisiológicas e o sistema estomatognático não é exceção.